Josenilton kaj Madragoa
Como a maioria das pessoas, muito
mais pela fé do que pela certeza científica ad
oculos, eu acredito na existência do Dínamo Energizante da Evolução Sem-Fim
(D.E.U.S.), que criou e ainda cria, legislou e ainda legisla, administra e
controla tudo que existe.
E o Universo, bem como
cada um de nós que o contém e que está contido nele, ainda é uma obra em construção. Em que fase
da obra nós estamos? E Você particularmente?
O único “problema” de Deus é que
ele fez as leis e as vibrações e energias que movem o Universo de forma tão
perfeita, que estas aparecem nas fotos mais do que ele mesmo! E aí surge a
confusão de que o Universo é Deus e de que Deus é o Universo. É uma
reminiscência das antigas crenças panteístas[1]
e talvez até da antiga cultura hindu, considerando que “Deus” provém
etimologicamente de dial, palavra do
sânscrito (antigo idioma hindu-ariano) que quer dizer “céus”.
Qualquer tentativa de
interpretação humana calcada apenas em marcos teóricos e em bases raciocinais
religiosas ou científicas estritamente humanas será sempre uma versão relativa
ou incompleta, quando não totalmente equivocada.
Apesar de nossas versões humanas,
normalmente, a maioria de nós reconhece a existência de algo indescritível e
existente antes, depois e acima de tudo. É o Absoluto, absurdamente
inexplicável, segundo a versão do agnosticismo.
Não é à toa que o escritor
Luciano dos Anjos abre um de seus livros sobre a questão de Deus e outros temas
afins dizendo, já no próprio título, que “Deus é o Absurdo” (1978).
Disse o filósofo iluminista
francês Voltaire (1694-1778): “eu creio
no Deus que criou os homens, mas não creio no Deus que os homens criaram.”
São João segue no mesmo diapasão:
“eu sei o que é Deus, mas se me perguntarem, eu não sei”.
São versões também essas
aparentes inversões, e tudo deve ser analisado com cautela e discernimento.
Muitos, contudo, preferem não
analisar, mas apenas sentir. Já é progresso e pode ser tão ou mais
interessante.
As versões da verdade servem
apenas para nos ajudar a formar nossos próprios pensamentos e sentimentos
acerca da vida, da morte, dos problemas, de nós mesmos. Já dão ou devem dar
para o gasto do que precisamos saber circunstancialmente acerca da Grande
Verdade.
{Entendamos
esse “absurdo” acima pelo ponto de vista filosófico, ou seja, como aquilo que
não tem nem pode ter explicação por qualquer prisma da razão humana, porque
foge a qualquer regra de raciocínio conhecido.
Para
os filósofos existencialistas Albert Camus (argelino, 1913-1960) e Jean Paul
Sartre (francês, 1905-1980), o próprio homem e o Universo também devem receber
esse título de “absurdo”, porque têm existência racionalmente injustificada.
Por
isso, Deus é, pelo menos para nós reles mortais (ou reles imortais), o incognoscível, embora seja recognoscível.
Mas
Você tem todo o direito de exclamar e perguntar, de logo, o seguinte: como
podemos reconhecer o que nunca foi conhecido antes!? Não é isso o verdadeiro
absurdo? Calma! Não nos precipitemos na confusão do falso prefixo “re-”!
{“Deus não
é somente uma questão teológica, mas, filosófica.” – Santo Tomaz de Aquino.}
Deveria
haver uma palavra para substituir o nome Deus, tanto na Ciência quanto na
Filosofia; uma palavra que expressasse mais apropriadamente os atributos
divinos por óticas não religiosas. Evitaria essa confusão toda criada com o
Deus definido pela Religião, encoberto de muita imagem e de muita personalidade
humana. Teríamos talvez muito menos ateus e menos materialistas no mundo.
É multiafirmado haver ateus e materialistas
mais éticos, honestos, gentis, carinhosos e caridosos do que muitos crentes em
Deus e na espiritualidade. Sem dúvida.
[Em princípio, Deus não fica sem dormir de
noite por causa daqueles que não acreditam nele. Ele dorme cedo e tranquilo. No
máximo dez minutos depois que se deita, Ele já está roncando. Agora, Ele
acredita nos ateus, da mesma forma com que acredita em todos os homens de boa
vontade, independentemente de seus posicionamentos religiosos ou de suas convicções
ou crenças. Para Ele o que vale é o que cada uma de suas criaturas faz de útil
para si, para a sociedade e para o Universo, não a motivação dos feitos, nem se
há intenção consciente de agradá-Lo, ou não. Ele espera mesmo é que os homens
sejam deuses, criando condições para a paz, para a comprensão, e para a
solidariedade. Que até não se creia em Deus Pai Todo Poderoso, mas que se creia no
Deus-homem, no Deus-si, no Deus-vida, no Deus-Terra, no Deus-natureza, no
Deus-amor, no Deus-solidariedade. Vale qualquer crença que torne o homem
melhor.
É melhor, por exemplo, um ambientalista
ateu do que um crente egoísta, ou é melhor um ateu que atua como voluntário em
algum corredor humanitário neste árduo campo de batalha que tem sido todo o
planeta Terra do que um devoto que anda fazendo o mal ao próximo, quer com ações
ostensivas, quer com a força da mente.]
Entretanto,
outra realidade insiste aqui em não ficar calada. É a importância da fé em Deus
como facilitador de uma ascensão moral baseada na esperança na proteção divina
e de um fortalecimento espiritual baseado na crença nos espíritos superiores
(ou anjos ou consciexes) com suas asas protetoras abertas sobre todos nós.
A
partir de uma conversão para a crença em um Deus infinitamente justo e bom, ter-se-ia uma
noção de que suas ideias anteriores de ateísmo ou de materialismo decorriam da
ignorância quanto às verdadeiras causas dos problemas maiores do ser, do
destino e da dor. Passando-se a crer em uma inteligência suprema e causa
primária de todas as coisas, poder-se-ia entender certos enigmas e fechar
certas equações mal ou não resolvidas pelas ciências, religiões e filosofias
materialísticas. A partir de uma crença na vida espiritual e suas influências
na nossa vida humana, e vice-versa, perceber-se-ia que muitas ideias contrárias
aos interesses do espírito são plantadas por mentes desinteressadas no
crescimento amplo e na verdadeira felicidade dos seres humanos em geral. Constataria
que, assim como há os biblicamente chamados “espíritos de Deus”, há também
espíritos que se comprazem em fazer o mal. E descobriria, inclusive, que muitos
destes últimos usam uma espécie de doutrinação sutil, especialmente sobre
mentes ainda jovens, no sentido de fazer-lhes negar a existência de Deus e do
mundo espiritual. Essas armas subideológicas inconscientizadoras do além
inferior são ótimas para facilitar processos obsessionais, depressivos e
drogais, além de vampirismos energéticos e afundamentos morais dos encarnados
sob sua influência fascinante, para proveito energético próprio, ou pelo
simples prazer de destruir, de matar. A estratégia deles é: quanto mais afastar
os indivíduos do caminho da fortificação espiritual pela fé em Deus e da
influência benfazeja dos espíritos elevados, tanto melhor para os processos de
dominações mentais antiteístas e antiespiritualistas.
****
Podemos,
reconhecer Deus através de uma lente especial, a saber: a lente da lógica
naturalista! Para isso, basta darmos umas olhadelas ou reolhadelas em nosso
derredor natural e também na própria natureza humana. Veremos uma macro, micro
e até nano-harmonia em tudo que existe, que sempre nos deixa boquiabertos e
absortos (apesar do aparente caos, inclusive o que permeia a própria natureza
humana). Veremos que o feixe de manifestações naturais e suas interpenetrações
recíprocas fatalmente nos subjuga para uma conclusão inevitável de que não pode
tudo isso que está aí, aqui, lá e acolá estar apenas sob a égide de uma fria,
cega, burra e aleatória casualidade. E nesse feixe incluímo-nos nós, seres
humanos, que somos criaturas naturais, mas também somos criadores autorizados a
cocriar ou recriar pela mesma natureza-deus que nos criou.
Essa
casualidade, sim, seria efetivamente absurda, como sinônimo de disparate e
falta de bom senso. Reconhecer Deus, ou, como queiram alguns, a existência de
Deus, é admitir Deus como algo que rege e mantém a sustentabilidade de tudo o
que existe, incluindo no pacote as próprias leis ditórias e aparentemente contraditórias
que regulam nossas vidas. É o Jusnaturalismo[2] ou Cosmo-Direito subordinado a
uma valoração extra ou super-humana.
Logicamente, não existe lei
inteligente por si mesma. Não há leis naturais essencialmente caóticas nem
meramente casuais, mesmo quando precisa do aparente caos para se fazer valer.
Nosso dever de casa (e dever de hoje) é tentar responder pela lógica apenas o
seguinte: se há uma inteligência que evita um quebra-quebra astronômico, então
de quem é essa inteligência? O mero acaso pode ser inteligente? Ou tem algo
maior do que tudo isso no comando das operações? O que está no controle da mecânica quântica criadora universal?
Enfim, quer tenhamos alguma
resposta pronta-entrega, ou não, essa é a rotina das relações diárias, ou até
de uma existência inteira, independente das nossas muitas pálidas
religiõezinhas e cienciazinhas. É a rotina nossa, inexorável. É a rotina do
Cosmo.
Quem não é religioso ou gnóstico[3],
mas é inteligente no campo dos tratados físicos e metafísicos, normalmente é agnóstico,
mas não ilogicamente ateu. São partidários conscientes ou inconscientes do
Unitarismo.
Muitos ateus, irreligiosos ou
hedonistas intelectuais são, em verdade, descrentes na existência do Deus que
foi criado por nós à nossa imagem e semelhança, conforme a versão
antropomórfica javista. Porém, também não creem em qualquer outra divindade
suprema, por não terem aquela observação mais ampla dos fatos naturais, humanos
e espirituais que vivem a desafiar a nossa pobre razão, em todo lugar e a toda
hora, bastando que se tenha um mínimo de olhos para ver.
Essa versão javista tem
muito a ver com outra versão clássica, chamada teísta, que atribui a Deus a alegórica figura de um mecânico, que
criou o Universo, mas que sempre precisou fazer consertos aqui e acolá, sendo,
portanto, um Deus imperfeito. Essa versão entende, pois, que Deus é uma pessoa
criadora e que está sempre agindo sobre os seres criadores-criaturas, através
de uma espécie de “mão invisível”.
Isso colocou muitos
humanos a não aceitarem a existência de Deus e a enveredarem no Ateísmo, ou a
criarem outra versão, chamada “Deísta”. Esta vê em Deus um ser perfeito,
impessoal, que criou o universo e suas leis perfeitas, deixando as criaturas
autorregularem-se por si mesmas. Aqui Deus seria comparado a um relojoeiro, que
criou a máquina, deu-lhe corda e cruzou os braços. Só que se pegarmos essa
alegoria como base de reflexão, podemos duvidar também da perfeição eterna e
absoluta de Deus, porquanto não há relógio que funcione eternamente só no automático.
Pode até não quebrar, mas vai precisar periodicamente de energia ou corda para
renovar seu funcionamento. Logo, o relojoeiro tem de estar presente, no mínimo
para fazer manutenção ou reenergizar seu mecanismo...
{“O universo me intriga, e não
posso imaginar que este imenso relógio exista e não haja um relojoeiro”. – Voltaire}
Ser agnóstico pode ser reconhecer
que existe algo, mas reconhecer também que é impossível debater sua
essencialidade, em razão da sua incognoscibilidade. Podemos, apenas, debater as
manifestações tangíveis desse centro harmonizador supremo em nossas vidas,
mesmo assim, prudentemente, sem ênfase de quodlíbeto[4].}
Eu particularmente
acredito que Deus é a inteligência que está “por trás da coisa toda”.
Existe Deus como uma
verdade absoluta e existe Deus como palavra, como conceito.
Eu vejo Deus como um
conceito, no mínimo (ou no máximo), complexo.
Deus é uma palavra
multissignificativa, talvez o maior heterônimo em todas as línguas e culturas.
Normalmente, ela está relacionada não só à inteligência suprema, mas também à
consciência suprema de cada criatura inteligente. Essa consciência maior,
quando despertada, impulsiona cada depositário da centelha divina rumo ao
infinito.
Muitos que falam de Deus, estão
se referindo mesmo é à vida eterna, é às influências das dimensões maiores
sobre a nossa, é a influência do anjo da guarda e até à reza que nossa mãe faz
por nós.
{"Não posso provar a você que
Deus existe, mas meu trabalho provou empiricamente que o "padrão de
Deus" existe em cada homem, e que esse padrão é a maior energia
transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo. Encontre esse
padrão em você mesmo e a vida será transformada." - C.G. Jung}
Quando os romanos criam em
vários deuses (inicialmente politeísmo, que depois evoluiu para o henoteísmo[5],
até desembocar prevalentemente no monoteísmo), de certa forma eles não estavam
errados. Havia seres inteligentes do mundo quintidimensional, que bem podiam
ser chamados de espíritos superiores ou de semideuses, que se manifestavam e
realizavam obras, por área de atuação, sob o título de deus disso, deus
daquilo. Questão de nomenclatura, mesmo porque mais importante do que ser ou
não ser ateu é ser teu.
Por falta de uma referência
pronominal absolutamente truísta, peço-lhe vênia para tratá-Lo, aqui neste
ponto, de “Ele”.
Creio que Ele, quando da
“redação” do seu ordenamento jurídico, deixou uma reserva de leis para
aplicação por si próprio, a fim de poder desviar, ampliar ou reduzir a
aplicação e os efeitos de todas as demais leis. Ele também deixou a aplicação
de algumas das leis para a competência exclusiva (mas não absoluta) dos seres
humanos. Ele usa, através da chamada “providência divina”, sua própria reserva
de leis pessoais para correger a aplicação das leis que compete aos seres
humanos (e entre elas se destaca a lei do livre-arbítrio), bem como para
corrigir, reduzir, ampliar ou redirecionar os efeitos dessa aplicação.
Na “pirâmide das leis” universais
da minha autocrença (ou é heterocrença e só eu não sei disso?), Deus aparece no
topo da hierarquia. Abaixo vêm as normas legisladas e aplicadas exclusivamente
por Ele. Depois vêm as normas legisladas por Ele e aplicadas em relação a si
mesmas por suas criaturas. E na base vêm as normas de consequência das aplicações
das próprias normas pelos seres, combinadas com as normas divinas corretivas ou
redirecionativas. Quer dizer: Deus
está no topo, no meio e também na base da pirâmide.[6]
Creio, por uma questão de lógica
de observação dos fatos naturais e humanos, nessa Verdade absoluta e em suas
manifestações perceptíveis aos sentidos humanos, manifestada através dos
fenômenos naturais. Não que Deus seja exatamente a natureza, mas a natureza e
suas leis são como se fossem o corpo
multi-inteligente de Deus.
Essa é uma versão lógica. Para uns é uma verdade inconveniente; para outros é
apenas uma argumentação inconveniente. Porém, isso é muito mais do que tentar
explicar o superpoder intrínseco de Deus através da chamada “versão sacerdotal”[7].
Seja como
for, a melhor verdade sobre a essência ou sobre a aparência de Deus é aquela
que nos arranca de onde estamos e nos põe a andar e a crescer, mesmo que seja a
verdade de um mágico, inclusive de um mágico das palavras. No geral, o que
tende a nos modificar são os efeitos psíquicos das verdades que acreditamos,
não essas verdades em si, que podem até ser falsas para outras mentes com
outras necessidades. Por isso, Voltaire disse que “se Deus não existisse, os homens o inventariam”.
Só Deus é uma verdade
absoluta, independentemente de crermos, ou não, nEle, de crermos, ou não,
nisso.
Muitas correntes
religiosas clássicas só pregam um Deus posicionado na linha de partida
(criação) e na linha de chegada (juízo final) da corrida humana na Terra. Há
argumentos de que, após os seis dias da criação, Ele descansou no sétimo, só
vindo acordar no juízo final, para o acerto de contas apocalíptico, tendo
deixado no percurso da evolução humanitária apenas os seus anjos em constante
digladiação com os demônios pelo poder terreno.
Eu creio que Deus está
também nos fatores reais de poder, no meio da estrada, dando água mineral para
os corredores e incentivando-os a prosseguir no caminho certo. Torce,
fiscaliza, retifica as metas de cada um, não importando a posição no ranking.
Sopra novas energias para quem precisa, mesmo nos desvios íngremes e
torturadores que cada um percorre para cortar caminho ou porque é obrigado a
percorrer para retornar ao caminho correto. No fim, Ele quer que todos cortemos
a faixa de chegada, embora cada um a seu tempo.
{“Deus quer que todos os homens sejam salvos
e venham ao conhecimento da verdade.” – Timóteo, 2:4}
Gandhi disse: “aquele que não vê Deus no próximo não
precisa mais procurá-lo.” Consequentemente, quem não vê Deus em si mesmo
também não vai vê-lo em mais ninguém e em mais nada, e vai estar vulnerável a
praticar ações antidivinas, por pura ignorância e por confusão e conflito de si
consigo mesmo.
Para muitos, tudo isso não passa
de loas convenientes ou inconvenientes. Fazer o quê? Nunca existiu nem nunca
existirá prova científica ou matemática da existência de Deus. Toda crença em
sua existência, por mais bem fundada e argumentada que seja, será sempre
baseada em indícios e em evidências concludentes. Mas estas vão estar sempre no
universo interior de cada pessoa, nunca tecnicamente transferível a quem quer
que esteja fora de si mesmo.
Os conceitos humanos sobre
Ele e suas leis (ou entendimentos) e sobre todas as suas manifestações naturais
sempre têm evoluído no decorrer da história humana. São questões que sempre se
renovam e que vão encontrando respostas cada vez mais refinadas e menos
religiosizadas.
E daqui a mil ou dez mil
anos? Como conceituaremos Deus?
No atual limite de
estágios evolutivos em que nos encontramos, as grandes tendências do pensamento
humano convergem para as confirmações e vivências, ainda que parciais, do que
já acreditamos até agora.
A tendência entre as
pessoas que mais anseiam por uma espiritualização das ciências e por uma
cientificização da espiritualidade é a irreligiosização gradativa dos fenômenos
naturais, ainda tidos como paranormais, e a eticização do que for proveitoso
nas velhas crenças simbolísticas. E a base de apoio não é necessariamente a
evolução científica. É a evolução integral dos seres, não exatamente
direcionada para Deus, mas essencialmente em comunhão com Deus.
É claro que a abertura
libertadora das consciências em escala mundial incomoda bastantes hieromaníacos
e vários segmentos conservadores e político-religiosos. Porém, as ondas
evolutivas, quando chegam feito tsunamis transformacionais, são inexoráveis e
não respeitam quaisquer barreiras que tentem impedir seu avanço.
Independentemente da forma como
cada um crê nesse algo supremo e ao mesmo tempo onipresente em todos os
detalhes da criação, eu creio que também você, leitor ou leitora, é um dos da
grande maioria que acredita na existência desse
“criador-legislador- administrador-juiz” supremo e sua relação onidirecional com
cada um de nós e com toda a Humanidade em geral.
DIRIGIR-SE A DEUS AGORA, PELO CORAÇÃO, É URGENTÍSSIMO, MAS... A QUAL DELES?
Acreditamos que os espíritos guias e orientadores dos
sistemas religiosos terrenais, historicamente têm se referido à IS
(Inteligência Suprema) por nomes simples (Deus, Allah, Jeová, Brahma, Krishna,
Tupã, Olorun etc etc), compreensíveis aos seguidores das concernentes culturas
e línguas, registrados em seus textos ou ícones comunicacionais sagrados.
Não existem nomes próprios da IS conforme a Ciência e a
Filosofia. Isso influi para que a maioria dos homines cientifǐci[8] e homines filosofici[9] tornem-se ateus, além do fato de que as definições e conceitos
religiosos sobre “Ele” (um pronome meramente convencional) são cobertos de
traços alegóricos, míticos e antropoemocionais. E por enquanto ainda não pode
ser diferente. O grande problema é que, na prática teológica, as gentes se
intersegregam a partir das formas como definem e modelam as versões de Deus
conforme suas compreensões distintas, embora todas achem que sua “versão” é
que é o verdadeiro Deus. E, ao invés de contribuir para a união dos povos em torno
da paz e da concórdia, as versões mais ideologizadas e antropomorfizadas de
Deus, historicamente, é que têm justificado inimizade, preconceito, ódio,
violência e guerra, frutos de um infantilismo teocognitivo e moral.
Por outro lado, a Terra é um dos planetas mais atrasados na
gradação evolutiva dos mundos. A lei de causa e efeito aqui ainda é acionada
muito mais pela dor corretiva, acionando também a lei de destruição, para que
se acione a lei do progresso. Todas essas leis são igualmente divinas, inclusive
na parte das causas de iniciativa dos homens, geradoras dos efeitos de
iniciativa de seus próprios destinos. Também a dor é um caminho que leva para o
caminho evolucional, e na Terra ainda é o mais trilhado.
O Cristo, em sua nave evangélica, aportou fisicamente entre
nós há quase dois mil anos, para nos acenar com um salto de qualidade
evolucional. Porém, a nossa cegueira cognomoral foi (e ainda é) muito grande e
não nos deixou que o amor apresentado por Ele nos cristicizasse desde aquele
tempo. Há muito já deveríamos estar subordinados à lei do progresso pelo amor e
não mais à lei de causa e efeito pela dor. Até quando ainda será necessário que
venha o escândalo-mal?
E o pior é que a maioria de nós da velha geração espiritual
da Terra tem muito pouco tempo para tentar ainda melhorar sua situação,
acionando de moto próprio a lei do amor, e assim se habilitar a continuar por
aqui em condições elísias após a sedimentação do Evangelho luminoso do Cristo,
que está se aproximando junto com o novo dia galáctico.
Estamos no fim daquela moratória cinquentenária. Temos uma
chance histórica de despertar a nossa consciência divina, agora, nesta
madrugada cósmica, despertando a consciência crística, que é mais imaginável,
mais próxima da nossa capacidade de compreensão antroposófica. Mas o ideal é
que esse despertar ocorra o mais rápido possível, ainda a frio, ou seja, sem a
necessidade de sofrermos os sacolejos da dor, nem de nos desprendermos da rota
luminosa, caindo na noite cósmica por mais vinte e seis mil anos, até termos
outra chance de chegar à luz.
[Alguns de nós poderemos não ter o status de grande cristão
ou de grande missionário da luz, mas sempre há pequenas missões a espera de
voluntários anônimos na retaguarda social, no miudinho, no caladinho, tarde da
noite, nas sarjetas de todo jaez. Alguém tem de atuar nas margens, não é mesmo?
Jesus também anda por lá, orientando e incentivando ao serviço os humildes
colaboradores de boa vontade, aqueles que não esperam nenhum galardão nem
promessa de salvação, mas apenas a chance de contribuir de alguma forma, com o
instrumento de que dispomos nesta última e decisiva encarnação cíclica: a
própria vida na Terra, seja ainda na matéria densa, seja fora dela.]
****
Deus (o de todo o universo, o único verdadeiramente
existente, onipotente, onisciente e onipresente e infinitamente justo e bom,
aqui referenciado por um de Seus nomes convencionais na Terra) poderia ser
entendido também pela ótica da Ciência e pela ótica da Filosofia, porquanto
tudo no universo pode ser explicado também por essas duas áreas, além da ótica
religiosa. Os próprios fenômenos transicionais têm se dado através de
revoluções cósmicas materiais (cientificidade) controladas e direcionadas
também por mentes racionais inteligentes superiores (filosoficidade) com os
propósitos crísticos de contribuir para as transrevoluções morais na estrutura
humanitária terráquea (religiosidade).
[Apesar disso, sempre vamos sofrer de uma relativa distorção
cognitiva. Nenhuma forma de saber humano tem o condão de enxergar, muito menos
de esclarecer, a verdade universal como um todo em si, mesmo porque esta,
embora sempre tenha estado em torno de nós, vai se revelando ostensivamente
para nós somente aos poucos, através das nossas múltiplas óticas.] É como transmitir um mesmo fenômeno cósmico por três canais
cognitivos e nomenclaturais totalmente diferentes entre si e, mesmo assim,
fazer sentido para seus respectivos espectadores. Isso vale, inclusive, para os
fenômenos da transição planetária, cujas verdades estão acima de todas as
logias, sofias e ismos terrenais, e que vão provocar mudanças drásticas nas
maneiras de vermos as relações com a natureza, com nós mesmos e com Deus.
Seja como for, é bom crer nessa “misteriosa e incorpórea Entidade
no mundo infinito reinante”, nesse Poder
Superior, na forma como cada um concebe. Em tempos de crise global como a que
estamos passando, ter esperança em alguém ou em algo é um consolo e repercute
na qualidade de vida da alma, na maior capacidade de enfrentar e suportar os
vários problemas decorrentes do caos. A crença em si, ou melhor, a crença, em
si, já tem o poder de melhorar a realidade, pelo menos a realidade interior. O
ideal acima de tudo é que a nossa definição de Deus e a nossa maneira de
interpretá-lo nos tornem melhores, mais sensíveis, desapegados, amorosos,
humanos, responsáveis e honestos. Quem conseguir isso, está no caminho certo
para chegar até Deus. E não importa o nome que tenha esse caminho.
[Principalmente se tomarmos Jesus como modelo de conduta
respeitosa e fraterna de uns às crenças particulares dos outros, a crença,
ainda que inconsciente, em qualquer poder acima de nós sempre será eficaz e
proveitosa.]
Deus está acima dos deuses institucionalizados,
antropomorfizados e multinomeados pelos homines
religiosi[10] sobre a Terra.
Está também acima das ciências, das filosofias e das artes. Está, enfim, acima
de todo o universo. Só não está acima da essência de cada uma das suas
criaturas, porque é lá que Ele guarda uma de Suas centelhas, um pedacinho de Si
mesmo.
Independentemente e antes de tudo, nós aqui, muito mais pela
fé lógica e raciocinada do que pela certeza científica, acreditamos na
existência desse ser incriado, que criou e ainda cria, legislou e ainda
legisla, rege e controla tudo que existe no universo e que, consequentemente
está comandando e direcionando as mudanças astrais e orbitais sobre a Terra e
todo o sistema solar. Nem um fio do nosso cabelo, e nem mesmo um fio de onda
das franjas de interferência escuras e claras do sistema solar será mexido sem
o consentimento do Criador, Legislador e Administrador Supremo do Universo.
Temos fé nisso. Temos fé nEle.
[1] Panteísmo: “Doutrina filosófica caracterizada por uma
extrema aproximação ou identificação total entre Deus e o universo, concebidos
como realidades diretamente conexas ou como uma única realidade integrada, em
antagonismo ao tradicional postulado teológico segundo o qual a divindade
transcende absolutamente a realidade material e a condição humana.” - Dic.
Houaiss.
[2] Sistema jurídico baseado em eternos princípios de
origem natural ou divina. Sua própria existência como fonte de Direito é sempre
questionada pelos juristas positivistas.
[3] Gnóstico vem de “gnosis”, que em grego quer dizer
conhecimento, não o formal, dos livros, mas o intuitivo. Gnóstico é todo aquele
que crê na existência de Deus e na capacidade humana de reconhecer os atributos
divinos em confronto com a natureza.
[4] Do Latim “quodlibet” (tese, argumentação ou réplica
veemente, ilógica, sem prova cabal).
[5] Crença em
um Deus único supremo, mas sem excluir a existência de outros
deuses, segundo definição do orientalista alemão Max Muller (1823-1900).
[6] Esta é uma comparação com a famosa “Pirâmide das
Leis”, do jurista austro-estadunidense Hans Kelsen (1881-1973). Nessa
hierarquia abstrata, ele coloca no ápice a Constituição Federal.
[7] Versão escrita durante o cativeiro hebreu na
Babilônia (587-538 a.C.).
Descreve a gênese da criação de forma muito mais detalhada do que a versão
javista.
[8] Latim: Plural de homo cientificus.
[9] Latim: Plural de homo filosoficus.
[10] Latim: plural de homo relisiosus.
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