domingo, 25 de agosto de 2024

IDENTIFICANDO VERBOS INTRANSITIVOS E VERBOS TRANSITIVOS PELA IMAGINAÇÃO

 Tirantes os verbos de ligação entre sujeito e predicativo, a exemplo de ser, estar, ficar, continuar, parecer, permanecer, tornar-se, etc., a maioria dos verbos primitivos (não derivados por afixos) representam ação de um sujeito, intransitivamente, sendo, portanto, verbos intransitivos (em que a oração é formada por dois elementos (SUJEITO + VERBO)), ou representam ação de um sujeito sobre um objeto, transitivamente, sendo, portanto, verbos transitivos, ou seja, que transitam para um objeto ou que pedem o complemento de um objeto (e sendo a oração formada por três elementos (SUJEITO + VERBO + OBJETO)).

 

Como saber se um verbo primitivo é transitivo ou intransitivo apenas imaginando sua ação?

Primeiro a gente precisa saber qual é o significado radical do verbo, ou seja, o que faz o verbo quando é conjugado. Sabendo disso, basta imaginá-lo efetivamente em ação, ou seja, sendo conjugado (ou acionado) por um sujeito. Se nessa imaginação,  a gente só vê o sujeito e o verbo, em princípio, trata-se de um verbo intransitivo, cuja realização está apenas na dependência do sujeito.

Eis alguns exemplos de orações com verbo intransitivo:

 1. Português: O bebê chora.

   Esperanto: La bebo ploras.

 

2. Português: O pássaro voa.

   Esperanto: La birdo flugas.

 

3. Português: A flor cresce.

   Esperanto: La floro kreskas.

 

4. Português: O cachorro late.

   Esperanto: La hundo bojas.

 

5. Português: A criança sorri.

   Esperanto: La infano ridetas.

 

6. Português: O sol brilha.

   Esperanto: La suno brilas.

 

7. Português: O atleta corre.

   Esperanto: La atleto kuras.

 

8. Português: A lua aparece.

   Esperanto: La luno aperas.

 

9. Português: O telefone toca.

   Esperanto: La telefono sonas.

 

10. Português: A jovem dança.

    Esperanto: La junulino dancas.

 

Vê-se na imaginação que cada ação verbal se perfaz ou se realiza plenamente na esfera do próprio sujeito e ponto. Tratam-se, portanto, de verbos intransitivos.

 

Todavia, se na imaginação,  a gente vê o sujeito, o verbo e um objeto sobre, contra ou em relação ao qual o verbo age, em princípio, trata-se de uma oração com verbo transitivo, que faz a ponte entre o sujeito, que age, e o objeto, que sofre a ação do sujeito, direta ou indiretamente, com algum sentido físico, mental ou emocional. 

 

Em Esperanto, o objeto, sobre o qual ou em relação ao qual o verbo transitivo se perfaz, é marcado com a letra N do acusativo. Eis alguns exemplos:

 

Português: O gato bebe leite.
Esperanto: La kato trinkas lakto
n.

Português: A menina lê livros.
Esperanto: La knabino legas libroj
n.

Português: O homem dirige o carro.
Esperanto: La viro stiras la aŭto
n.

Português: A professora ensina matemática.
Esperanto: La instruistino instruas matematiko
n.

Português: O cozinheiro prepara a refeição.
Esperanto: La kuiristo preparas la manĝo
n.

Português: O jardineiro corta a grama.
Esperanto: La ĝardenisto stucas la herbo
n.

Português: A criança desenha flores.
Esperanto: La infano desegnas floroj
n.

Português: O músico toca violão.
Esperanto: La muzikisto ludas gitaro
n.

Português: A avó costura um suéter.
Esperanto: La avino kudras svetero
n.

Português: O carteiro entrega cartas.
Esperanto: La poŝtisto liveras leteroj
n.

 

Quando a gente imagina o verbo em ação, a gente vê o sujeito e vê também o objeto na imaginação, embora o objeto possa até nem ser expresso. Porém, só o fato de a gente ver o objeto na imaginação, já é um indicativo de que se trata de uma oração com verbo transitivo, ou seja, que transita entre o sujeito e o objeto.

Para fins de fixação, elabore cem orações com os verbos abaixo. Para viabilizar a imaginação de todos eles, há suas traduções entre parênteses. Repare que, se na imaginação do verbo só houver um sujeito e um verbo completando o sentido por si mesmo, trata-se de oração com verbo intransitivo, na estrutura sintática SUJEITO + VERBO. Mas, se na imaginação do verbo houver um sujeito, um verbo e um objeto para se completar o sentido, trata-se de oração com verbo transitivo, na estrutura sintática SUJEITO + VERBO + OBJETO.



1. Manĝi (comer)

La pastro manĝas kukon. [Neste primeiro modelo, pode-se dizer somente La pastro manĝas, sem perda de sentido, porque a ênfase está apenas na ação de comer. Porém, na imaginação vê-se que ele está comendo um bolo, o que define o verbo como transitivo.]

2. Dormi (dormir)

La gemaljunuloj dormas.

3. Balai (varrer)

La balaisto balaas la plankon. [A imaginação, neste caso, mostrou três elementos sintáticos: sujeito (o varredor), verbo (a ação de varrer) e objeto (o piso). Assim, mesmo que se dissesse apenas que la balaisto balaas, o verbo continua sendo transitivo, porque quem varre, varre alguma coisa imaginada ou imaginável.]

4. Veni (vir)

5. Kuri (correr)

6. Iri (ir)

7. Aŭskulti (escutar)

8. Vidi (ver)

9. Rigardi (olhar)

10. Skribi (escrever)

11. Legi (ler)

12. Labori (trabalhar)

13. Ludi (jogar/brincar)

14. Kanti (cantar)

15. Danci (dançar)

16. Ridi (rir)

17. Plori (chorar)

18. Pensi (pensar)

19. Senti (sentir)

20. Ami (amar)

21. Helpi (ajudar)

22. Fari (fazer)

23. Kuiri (cozinhar)

24. Trinki (beber)

25. Nutri (alimentar)

26. Sidi (estar sentado)

27. Stari (estar de pé)

28. Kuŝi (estar deitado)

29. Fermi (fechar)

30. Malfermi (abrir)

31. Doni (dar)

32. Preni (pegar/tomar)

33. Havi (ter)

34. Stuci (cortar, aparar (grama, galhos...))

35. Voli (querer)

36. Terni (espirrar)

37. Rompi (quebrar)

38. Necesi (ser necessário)

39. Kompreni (compreender)

40. Demandi (perguntar)

41. Respondi (responder)

42. Aĉeti (comprar)

43. Vendi (vender)

44. Stiri (dirigir (veículo))

45. Ŝati (gostar)

46. Malŝati (não gostar)

47. Bezoni (precisar, necessitar)

48. Uzi (usar)

49. Serĉi (procurar)

50. Trovi (encontrar)

51. Perdi (perder)

52. Vojaĝi (viajar)

53. Naĝi (nadar)

54. Flugi (voar)

55. Salti (pular)

56. Fali (cair)

57. Sonĝi (sonhar)

58. Ripari (consertar)

59. Tuŝi (tocar)

60. Lavi (lavar)

61. Ripari (consertar)

62. Stimuli (estimular)

63. Komenci (começar algo, dar início a algo)

64. Fini (terminar, encerrar algo, dar fim a algo)

65. Daŭri (continuar)

66. Ŝanĝi (mudar, modificar, trocar, alterar)

67. Kreski (crescer)

68. Morti (morrer)

69. Vivi (viver)

70. Naski (parir, gerar)

71. Lerni (aprender)

72. Instrui (ensinar)

73. Forgesi (esquecer)

74. Memori (lembrar)

75. Decidi (decidir)

76. Elekti (escolher)

77. Promesi (prometer)

78. Pardoni (perdoar)

79. Danki (agradecer)

80. Saluti (cumprimentar)

81. Adiaŭi (despedir-se)

82. Renkonti (encontrar)

83. Viziti (visitar)

84. Inviti (convidar)

85. Meti (colocar)

86. Porti (carregar)

87. Sendi (enviar)

88. Ricevi (receber)

89. Atendi (esperar (algo certo))

90. Esperi (ter esperança, esperar (algo incerto))

91. Timi (temer)

92. Ĝoji (alegrar-se)

93. Bati (bater)

94. Miri (admirar, estranhar)

95. Spekti (assistir a, espectar)

96. Obei (obedecer)

97. Gvidi (guiar)

98. Sekvi (seguir)

99. Krii (gritar)

100. Okazi (acontecer)

 

domingo, 18 de agosto de 2024

SUGESTÃO DE CÓPIA DE FRASES DIRECIONAIS // PROPONO DE KOPIO DE PRIDIREKTAJ FRAZOJ.

PARA REFORÇO DE ENCEREBRAMENTO DAS FORMAS FRASAIS DIRECIONAIS // POR PLIFORTIGO DE LA ENCERBIGO DE PRIDIREKTAJ FRAZFORMOJ



1. a) Ŝi veturas al Londono.

   b) Ŝi veturas en Londonon.

   c) Ŝi veturas Londonon.

   d) Ŝi veturas Londonen.


2. a) Ili flugis al Tokio.

   b) Ili flugis en Tokion.

   c) Ili flugis Tokion.

   d) Ili flugis Tokien.


3. a) Mi kuros al la parko.

   b) Mi kuros en la parkon.

   c) Mi kuros la parkon.

   d) Mi kuros parken.


4. a) Ni vojaĝos al Romo.

   b) Ni vojaĝos en Romon.

   c) Ni vojaĝos Romon.

   d) Ni vojaĝos Romen.


5. a) Vi naĝis al la insulo.

   b) Vi naĝis en la insulon.

   c) Vi naĝis la insulon.

   d) Vi naĝis insulen.


6. a) La kato saltis al la kesto.

   b) La kato saltis en la keston.

   c) La kato saltis la keston.

   d) La kato saltis kesten.


7. a) La birdo flugos al la nesto.

   b) La birdo flugos en la neston.

   c) La birdo flugos la neston.

   d) La birdo flugos nesten.


8. a) La infanoj kuris al la lernejo.

   b) La infanoj kuris en la lernejon.

   c) La infanoj kuris la lernejon.

   d) La infanoj kuris lernejen.


9. a) La ŝipo navigas al Havajo.

   b) La ŝipo navigas en Havajon.

   c) La ŝipo navigas Havajon.

   d) La ŝipo navigas Havajen.


10. a) La turistoj marŝis al la muzeo.

    b) La turistoj marŝis en la muzeon.

    c) La turistoj marŝis la muzeon.

    d) La turistoj marŝis muzeen.


11. a) La piloto flugas al Berlino.

    b) La piloto flugas en Berlinon.

    c) La piloto flugas Berlinon.

    d) La piloto flugas Berlinen.


12. a) La studento biciklis al la universitato.

    b) La studento biciklis en la universitaton.

    c) La studento biciklis la universitaton.

    d) La studento biciklis universitaten.


13. a) La hundo kuris al la ĝardeno.

    b) La hundo kuris en la ĝardenon.

    c) La hundo kuris la ĝardenon.

    d) La hundo kuris ĝardenen.


14. a) La sciencisto vojaĝos al Antarkto.

    b) La sciencisto vojaĝos en Antarkton.

    c) La sciencisto vojaĝos Antarkton.

    d) La sciencisto vojaĝos Antarkten.


15. a) La kondukisto veturos al la urbocentro.

    b) La kondukisto veturos en la urbocentron.

    c) La kondukisto veturos la urbocentron.

    d) La kondukisto veturos urbocentren.


16. a) La instruisto iris al la klasĉambro.

    b) La instruisto iris en la klasĉambron.

    c) La instruisto iris la klasĉambron.

    d) La instruisto iris klasĉambren.


17. a) La artisto migros al Parizo.

    b) La artisto migros en Parizon.

    c) La artisto migros Parizon.

    d) La artisto migros Parizen.


18. a) La sportisto kuregis al la stadiono.

    b) La sportisto kuregis en la stadionon.

    c) La sportisto kuregis la stadionon.

    d) La sportisto kuregis stadionen.


19. a) La aventuristo grimpis al la monto.

    b) La aventuristo grimpis en la monton.

    c) La aventuristo grimpis la monton.

    d) La aventuristo grimpis monten.


20. a) La aktoro veturis al Holivudo.

    b) La aktoro veturis en Holivudon.

    c) La aktoro veturis Holivudon.

    d) La aktoro veturis Holivuden.


21. a) La diplomatoj flugis al Bruselo.

    b) La diplomatoj flugis en Bruselon.

    c) La diplomatoj flugis Bruselon.

    d) La diplomatoj flugis Bruselen.


22. a) La fiŝoj naĝis al la rifoj.

    b) La fiŝoj naĝis en la rifojn.

    c) La fiŝoj naĝis la rifojn.

    d) La fiŝoj naĝis rifen.


23. a) La ekspedicio marŝos al la Norda Poluso.

    b) La ekspedicio marŝos en la Nordan Poluson.

    c) La ekspedicio marŝos la Nordan Poluson.

    d) La ekspedicio marŝos Norda-Polusen.


24. a) La asteroido flugis al la Tero.

    b) La asteroido flugis en la Teron.

    c) La asteroido flugis la Teron.

    d) La asteroido flugis Teren.


25. a) La kanuo glitis al la bordo.

    b) La kanuo glitis en la bordon.

    c) La kanuo glitis la bordon.

    d) La kanuo glitis borden.


26. a) La roboto moviĝis al la laboratorio.

    b) La roboto moviĝis en la laboratorion.

    c) La roboto moviĝis la laboratorion.

    d) La roboto moviĝis laboratorien.


27. a) La spionoj ŝteliris al la fortikaĵo.

    b) La spionoj ŝteliris en la fortikaĵon.

    c) La spionoj ŝteliris la fortikaĵon.

    d) La spionoj ŝteliris fortikaĵen.


28. a) La nubo moviĝis al la horizonto.

    b) La nubo moviĝis en la horizonton.

    c) La nubo moviĝis la horizonton.

    d) La nubo moviĝis horizonten.


29. a) La lernanto iris al la biblioteko.

    b) La lernanto iris en la bibliotekon.

    c) La lernanto iris la bibliotekon.

    d) La lernanto iris biblioteken.


30. a) La astronaŭtoj vojaĝos al Marso.

    b) La astronaŭtoj vojaĝos en Marson.

    c) La astronaŝtoj vojaĝos Marson.

    d) La astronaŭtoj vojaĝos Marsen.


QUATRO FORMAS DE EXPRESSÃO DE DIREÇÃO EM ESPERANTO

1)      Com o artigo direcional AL (sempre sem acusativo): Karlo iris al la sekretariejo.

2)      Com a preposição EN direcional (sempre com acusativo no destino): Karlo iris en la sekretariejon. Obs.: Neste caso o sujeito estava impreterivelmente fora do local de destino, indo para ele.

3)      Com supressão de preposição direcional: Karlo iris la sekretariejon.

4)      Com advérbio direcional acusativado: Karlo iris sekretariejen.

=.=.=.=.=.=.=.=


PROPOSTA DE EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 

Observando os quatro modelos acima, escreva quatro orações para cada verbo da primeira coluna e com lugares aleatórios da segunda coluna relacionados direta ou indiretamente a congresso
:

 

IRI

ENIRI

FORIRI

VENI

ALVENI

VETURI

VOJAĜI

PAŜI

DIREKTIĜI

KURI

RAPIDI

MARŜI

PIEDIRI

 

AKCEPTEJO

KONFERENCEJO

ARTA VESPEREJO

DISKUTRONDEJO

ĈEFA SALONO

MANĜEJO

KAFEJO

SEKRETARIEJO

INFORMEJO

EKSPOZICIEJO

PAKAĴ-DEPONEJO

KOMUNA LOĜEJO

KUNVENEJO

KONGRESEJO

KONGRESURBO

PREZENTEJA PODIO

AŬDVIDA KONTROLEJO

LIBROVENDEJO AŬ LIBROSERVO

MEMORAĴVENDEJO

UNUAHELPA ĈAMBRO AŬ SUKUREJO

VIRA NECESEJO

VIRINA NECESEJO

RIPOZĈAMBRO

ŜARGEJO POR ELEKTRONIKAJ APARATOJ

MEDITEJO AŬ PREĜEJO

AMUZEJO

PARKEJO

FLUGHAVENO

 

 O ESPERANTO SE APRENDE É NA PRÁTICA, INCLUSIVE NA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS GRAMATICAIS. // ESPERANTON ONI LERNAS EN LA PRAKTIKADO, INKLUZIVE DE GRAMATIKAJ EKZERCOJ.


terça-feira, 13 de agosto de 2024

LA ALIA ASPEKTO DE FRATINO DULCE // O LADO B DA IRMÃ DULCE




 

LADO B DE IRMÃ DULCE TEVE PAIXÃO POR FUTEBOL, PIADA E EXECUÇÃO DE MÚSICAS

 

À primeira vista, Irmã Dulce era uma figura miúda e frágil conhecida por sua fé em Deus e devoção aos mais pobres de Salvador. Mas quem conviveu com a freira conheceu uma mulher bem-humorada que gostava de futebol, tocava sanfona, dava apelidos e fazia piadas até mesmo com presidentes da República.

 

Filha de uma família de classe média alta, Irmã Dulce foi batizada com o nome Maria Rita. Teve uma infância considerada normal para os padrões da época, mas que foi o oposto do que se esperava de uma menina dentro da conservadora sociedade baiana do início do século 20.

 

Gostava de correr descalça nas ruas, fazer guerras de mamonas com os amigos, molhar-se nas fontes das praças, empinar pipa, além de jogar bola no Campo da Pólvora, um dos principais largos da região central de Salvador.

 

O futebol foi uma de suas primeiras paixões e serviu como válvula de escape para superar a morte de sua mãe, Dulce Maria, que não sobreviveu a uma hemorragia pós-parto quando Maria Rita tinha sete anos.

 

Criada a partir de então pelo pai, o dentista Augusto Lopes Pontes, sua diversão era ir ao estádio nos fins de semana ver os jogos do Ypiranga, na época o time mais popular da Bahia.

 

Na beira do gramado do Campo da Graça, berrava e vibrava com os gols de Apolinário Santana, o Popó, um dos primeiros jogadores negros do futebol baiano.

 

Na adolescência, deixou de lado o futebol e passou a se dedicar a trabalhos sociais junto com a sua tia Maria Magdalena, que a levou para visitar cortiços no bairro de Brotas.

 

Depois de prestar os votos e tornar-se freira, nos anos 1930, descobriu a música como instrumento de evangelização. Irmã Dulce não tinha formação teórica em música, mas tinha bom ouvido. Gostava de Beethoven e logo aprendeu a tocar harmônica e sanfona.

 

Na vida missionária, levava a sanfona para tocar modinhas para os presos na penitenciária onde prestava assistência social. Nos anos 1960, após fundar um orfanato na cidade de Simões Filho, animava as crianças tocando e dançando música.

 

Em 1947, quando atuava no Círculo Operário da Bahia, fundou o grupo musical Milionárias do Ritmo, formado por operárias e freiras. O conjunto se apresentava antes da exibição de filmes no Cine Roma, cinema fundado para arrecadar fundos para a entidade.

 

Para conseguir recursos para suas obras sociais, Irmã Dulce não tinha preconceito e abria espaço até para novidades como um tal rock'n'roll. Foi no Cine Roma que aconteceram as primeiras apresentações de Raul Seixas, que na época liderava o conjunto Raulzito e os Panteras. O diretor do Círculo Operário, frei Hildebrando Kruthanp, foi contra os shows de rock no local. Mas Irmã Dulce bancou as matinês e assinou o contrato com o grupo liderado por Raul. Não há registros, contudo, de que a relação entre a futura santa e o autor de Rock do Diabo tenha ido além da burocracia.

 

Em suas empreitadas para arrecadar recursos para suas obras sociais, costumava fazer troça com os comerciantes. Uma vez, ao ir à loja de ferramentas de Abelardo Barbosa e não encontrá-lo, deixou uma carta: "Senhor Abelardo. Paz e bem! Isto é um assalto! Estou levando uma furadeira".

 

Suas piadas não poupavam nem os presidentes da República. Ao presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), que afirmou à jovem freira que ela tinha ganhado um avô, não se fez de rogada: "Meu avô, sua neta está devendo muito". E pediu 6,5 milhões de cruzeiros para finalizar a nova sede do Círculo Operário.

 

Ao presidente João Figueiredo (1979-1985) cobrou a liberação de recursos para a ampliação do Hospital Santo Antônio. O presidente retrucou, dizendo que precisaria assaltar um banco para conseguir o dinheiro, ao que ouviu de resposta: "Me avise que eu vou com o senhor".

 

Outra face de seu bom humor era a mania de dar apelidos. A funcionária Walkíria Maciel, que se tornou sua confidente e tinha alguns quilos a mais, era chamada pela freira de "Esqueleto". Já a freira Emerência, que já tinha passado dos 90 anos, ganhou a alcunha de "Garotinha".

 

Na velhice, quando o organismo começava a fraquejar, resolveu apelidar as partes do próprio corpo: os pulmões eram chamados de "jamelengos", as pernas de "mariquinhas" e o coração de "joãozinho".

 

Aos problemas que surgiam no dia a dia, buscava encará-los com espírito leve. Quando era informada por um funcionário que faltava pão, por exemplo, mandava-o rezar que o problema se resolveria.

 

Situação semelhante aconteceu com Bernardo Gradin, presidente da Granbio e ex-presidente da Braskem que atuou como estagiário nas obras de ampliação do hospital Santo Antônio. A reforma foi feita pela construtora Odebrecht, mas custeada com recursos de doações. Um dia, Gradin procurou Irmã Dulce para informá-la que o cimento para a obra havia acabado. Ela segurou a sua mão e começou a caminhar pelo hospital. Entrou na ala de pacientes com deficiência mental, onde fez carinho e deu de comer às crianças. Depois, seguiu para a capela, onde ajoelhou e começou a rezar. Duas horas depois, olhou para o jovem estagiário e arrematou: "Você viu que Deus me deu muitos problemas para resolver. O cimento você resolve, né"?

 

E assim foi feito.

 

 

ALIA FLANKO DE FRATINO DULCE INKLUZIVIS ŜATEGON AL PIEDPILKO, ŜERCOJ KAJ LUDADO DE MUZIKOJ

 

Je unua vido, Fratino Dulce estis malgranda kaj fragila figuro konata pro sia kredo je Dio kaj sindediĉo al la plej malriĉaj en Salvadoro. Tamen tiuj, kiuj kunvivis kun la monaĥino, konis bonhumuran virinon, kiu ŝatis piedpilkon, ludis akordionon, donis kromnomojn kaj ŝercis eĉ kun prezidentoj de la Respubliko.

 

Filino de altmezklasa familio, Fratino Dulce estis baptita per la nomo Maria Rita. Ŝi havis infanecon konsideritan normala laŭ la tiamaj normoj, sed kiu estis la malo de tio, kio estis atendita de knabino el la konservativa bahia socio de la komenco de la 20-a jarcento.

 

Ŝi ŝatis kuri nudpiede sur la stratoj, fari militojn per ricinaj semoj kun amikoj, malsekiĝi en la fontanoj de la placoj, flugigi kajton, krom ludi pilkon en la Kampo de la Pulvo, unu el la ĉefaj placoj de la centra regiono de Salvadoro.

 

La piedpilko estis unu el ŝiaj unuaj ŝategaĵoj kaj servis kiel stres-mildigilo, por ke ŝi superu la morton de sia patrino, Dulce Maria, kiu ne transvivis postakuŝan hemoragion, kiam Maria Rita estis sepjara.

 

Edukita de tiam de la patro, la dentisto Augusto Lopes Pontes, ŝia amuzo estis tio, iri al la futbal-stadiono dum semajnfinoj, por spekti la ludojn de Ypiranga, tiutempe la plej populara teamo de Bahio.

 

Sur la rando de la gazono de la Kampo de Graco, ŝi ĝojkriis kaj gajis pro la goloj de Apolinário Santana, la nomita Popó, unu el la unuaj nigraj ludistoj de la bahia piedpilko.

 

En la adoleskeco ŝi forlasis la piedpilkon kaj dediĉis sin al sociaj laboroj kune kun sia onklino Maria Magdalena, kiu kondukis ŝin por viziti malriĉejojn en la kvartalo Broto.

 

Post ol fari la votojn kaj fariĝi monaĥino, en la 30-aj jaroj, ŝi malkovris la muzikon kiel rimedon por disvastigi la evangelion. Fratino Dulce ne havis teorian muzikan edukon, sed havis bonan aŭdon. Ŝi ŝatis Betovenon kaj baldaŭ lernis ludi buŝharmonikon kaj akordionon.

 

En sia misia vivo, ŝi portis la akordionon por ludi simplajn kantojn por la malliberuloj en la malliberejo, kie ŝi donis socian helpon. En la 60-aj jaroj, fondinte orfejon en la urbo Simon-Filjo, ŝi gajigis la infanojn ludante kaj dancante muzikon.

 

En 1947, kiam ŝi laboris en la Laborista Rondo de Bahio, ŝi fondis la muzikan grupon Milionulinoj de la Ritmo, formitan el laboristinoj kaj monaĥinoj. La grupo prezentis sin antaŭ la montro de filmoj en la Kinejo Romo, kinejo fondita por helpi havigi monon por la asista organizo.

 

Por akiri rimedojn por siaj sociaj entreprenoj, Fratino Dulce ne havis antaŭjuĝojn kaj malfermis spacon eĉ por novaĵoj kiel la rok-muziko. Estis en la Kinejo Romo, kie okazis la unuaj sinprezentoj de Raul Seixas, kiu tiam gvidis la grupon Raulzito kaj la Panteroj. La direktoro de la Laborista Rondo, frato Hildebrando Kruthanp, estis kontraŭ la rok-koncertojn en la loko, sed Fratino Dulce subtenis la matineajn prezentojn kaj subskribis la kontrakton kun la grupo gvidita de Raul. Tamen, ne estas registroj, ke la rilato inter la tiam estonta sanktulino kaj la aŭtoro de Roko de la Diablo iris trans la burokratecon.

 

En siaj faroj kolekti rimedojn por siaj sociaj entreprenoj, ŝi kutimis ŝerci kun la komercistoj. Foje, irante al la ilvendejo de Abelardo Barbosa, kaj ne trovante lin, ŝi lasis bileton: "Sinjoro Abelardo. Paco kaj bono! Ĉi tio estas rabo! Mi ĵus forprenis bormaŝinon."

 

Ŝiaj ŝercoj ne indulgis eĉ la prezidentojn de la Respubliko. Al la prezidento Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), kiu diris al la juna monaĥino, ke ŝi gajnis avon, ŝi ne hezitis: "Mia avo, via nepino ŝuldas multe". Kaj ŝi petis 6,5 milionojn da kruzejroj, por fini la novan sidejon de la Laborista Rondo.

 

Al la prezidento João Figueiredo (1979-1985) ŝi postulis la donacion de rimedoj por la pligrandigo de la Hospitalo Sankta Antono. Tiam la prezidento respondis, dirante ke li bezonus rabi bankon, por akiri la monon, al kio li aŭdis kiel respondon de ŝi: "Sciigu min prie, ke mi iros kun vi."

 

Alia aspekto de ŝia bonhumoro estis la kutimo doni kromnomojn. La dungitino Walkíria Maciel, kiu fariĝis ŝia konfidenculino kaj havis kelkajn kilogramojn pliajn, estis nomata de la monaĥino "Skeleto". Siavice, la monaĥino Emerência, kiu jam estis pli ol 90-jaraĝa, ricevis la kromnomon "Knabineto".

 

En la maljuneco, kiam la korpo komencis malfortiĝi, ŝi decidis kromnomi la partojn de sia propra korpo: la pulmoj estis nomataj "maljunaj ĉevaloj", la kruroj "etaj Marioj" kaj la koro "Johanĉjo".

 

Al la problemoj, kiuj aperis en la ĉiutaga vivo, ŝi provis alfronti ilin kun malpeza spirito. Kiam ŝi estis informita de dungito, ke mankas pano, ekzemple, tiam ŝi petis lin preĝi, ke la problemo solviĝos.

 

Simila situacio okazis kun Bernardo Gradin, prezidanto de Granbio kaj eksa prezidanto de Braskem, kiu laboris kiel staĝanto en la pligrandigaj vorkoj de la Hospitalo Sankta Antono. La renovigo estis farita de la konstrufirmao Odebrecht, sed financita per donaco-rimedoj. Iun tagon, Gradin serĉis Fratinon Dulce, por informi ŝin, ke la cemento por la vorko elĉerpiĝis. Tiam ŝi tenis lian manon kaj komencis iri tra la hospitalo. Ŝi eniris la flegejon de pacientoj kun mensa handikapo, kie ŝi karesis kaj donis manĝon al la infanoj. Poste, ŝi iris al la kapelo, kie ŝi genuis kaj komencis preĝi. Du horojn poste, ŝi rigardis la junan staĝanton kaj konkludis: "Vi vidis, ke Dio donis al mi multajn problemojn por solvi. Tiun de la cemento vi solvos, ĉu ne"?

 

Kaj tiel estis farite.