SOBRE A CANÇÃO "CASA DE IRENE", DE AGNALDO TIMÓTEO
Eu me lembro de que, nos anos 60,
quando eu morava lá em Serrinha (no sertão da Bahia), essa música do eterno
Agnaldo Timóteo fez grande sucesso, e eu, na altura dos meus cinco ou seis
anos, cheguei a perguntar a alguns passantes próximos ao
autofalante que irradiava a música (na Praça Luiz Nogueira),
onde era a casa de Irene, porque eu queria ir lá para
conhecer. Eu queria saber que casa era aquela, em que todo mundo vivia
feliz, entrando e saindo, onde nunca havia tristeza... A
Casa de Irene deveria ser o esperadoiro da felicidade.
Depois de grande foi que eu descobri que, em
verdade, a casa de Irene da música era um
bordel. Dedução talvez de gente adulta maliciosa. Mas não
importa. Eu continuo ouvindo-a de vez em quando, e, nesse momento,
vem uma saudade da infância feliz e, de alguma
forma, a casa de Irene reacende suas luzes na minha memória
afetiva.
Obs.: Eu me nostalgio muito quando ouço essa e
outras pérolas da chamada boa música. Entretanto, eu não sou um saudosista de
carteirinha. Sou supertemporal, e agora com as disponibilidades
internéticas e yutúbicas, eu tenho mais poder de viajar no tempo, em
busca das minhas imagos, para trás e até para frente... (Ops!)
O bom é que nós temos a nossa própria
memória, que tem um componente emocional e afetivo, que nenhum computador do
mundo supre. A nossa infância inocente continua viva em nosso
coração. Cuidemos de nunca matar a criança que existe em nós. A qualidade de vida de nosso
futuro depende disso.
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PEGUEMOS IMPULSO, RECUANDO PARA O PASSADO, A FIM DE MELHOR SALTARMOS NO FUTURO
Agora mais do que
nunca precisamos voltar a certos hábitos saudáveis do passado, como uma
preparatória para o futuro
Há até uns trinta
anos atrás eu criticava muito os saudosistas, como se eles fossem
semiesquizofrênicos da modalidade nostomania. Cheguei a censurar até o grande
compositor Manacéa, por sua música “Quantas Lágrimas” ( http://www.youtube.com/watch?v=tzEJX7vX_GQ ). Hoje eu o entendo.
Agora estamos no
“tempo do não tempo”, na entressafra, num certo vazio existencial em nível de
cultura, lazer, espiritualização, religiosidade, sentimentos e prazeres simples
autênticos, que são os que nutrem verdadeiramente a nossa alma. [São efeitos colaterais desta subfase
da transição planetária, marcada pelo chamado tempo do não tempo, que deve
perdurar até por volta de 2020.]
Estamos,
principalmente nós, os citadinos “urbanoides”, sem referências naturais e
ambientais que bastem para nos manter em paz e contentes com a vida. Quanto
mais nos desnaturalizamos em nível de hábitos, mais comprometemos a nossa
energia vital, cuja redução induz a estresse, num primeiro momento, e
depressão, prenunciadora de morte ou de doenças mortíferas, num segundo momento.
Os "paraísos
artificiais" que nós criamos, ou que nos têm sido criados, tendem a nos
afastar de nós mesmos, da nossa essência espiritual, que gosta muito mais de
frutas do que de barras de cereais.
Hoje eu tenho
defendido o saudosismo como uma terapia. A lembrança ou relembrança dos bons
momentos de outrora suprem um pouco a carência do cérebro por felicidade
natural. E se pudermos reviver alguns desses bons momentos, ainda que por
intermédio da própria tecnologia, por que não?
[Ou tudo continua
como antes e foi apenas eu que mudei meus pontos de vista? Às vezes fico na
dúvida.]
O presente, como
um todo, com suas ondas de estresse e de pessimismo pandêmicos, não está nos
oferecendo muitas opções felicitadoras.
Historicamente,
vivemos das lembranças do passado e dos sonhos do futuro, não é mesmo?
Entretanto, se
olharmos bem, com um olhar otimista, veremos que as expectativas positivas
sobre o que vem por aí, especialmente a partir de 2020, também alegram ou podem
alegrar a nós, especialmente àqueles otimistas esperançosos e que realizam seus
ideais, justamente por causa dessa esperança com época marcada para virar
realidade. Ademais, com nossos cálculos futurológicos, não esperamos mais tanto
a vitória final dos nossos ideais num futuro incerto da humanidade. Hoje o que
nos move ao trabalho de mangas arregaçadas é a certeza de que está para
ocorrer, a partir de dentro dos próximos vinte anos, a vitória final da
humanidade, ou melhor, da nova humanidade. Vencendo esta, ou melhor,
implantando-se esta, haverá naturalmente espaço para a vitória dos nossos
ideais desde já condizentes com o novo padrão de vida do planeta.
Já há coisas boas
no ar, e elas serão a tônica no futuro a partir de daqui a uns cinco anos.
Por ora, em busca
da saúde sustentadora neste mar revolto da pororoca transicional para a nova
era, devemos ser passadistas, naquilo que nos alegrou, e devemos ser
futuristas, naquilo que nos alegrará, agindo de acordo. Questão de fé e
esperança convertidas em ação determinada. Questão de já irmos prelibando as
primícias do novo reino, aqui e agora, enquanto trabalhamos nesta madrugada
galáctica.
E como citamos
“Quantas Lágrimas”, de Manacéa,
cujo personagem sofria apenas porque tinha saudade do seu passado, citamos
agora “The Silk Road” (http://www.youtube.com/watch?v=RWIr9-kbHJQ),
do grande instrumentista japonês Kitaro. É uma música relaxante do new age, ao
meu ver bem holística e futurística, e que é também uma terapia para os nervos,
um chá sonoro de erva-cidreira, preparatória para a retomada do labor diário.
Enfim, podemos
melhor estabelecer um estilo de vida estereofônico mais felicitador, com um
canal sintonizado no bom passado e outro canal sintonizado no bom futuro. No
meio estamos nós, vendo mais sentido no presente e, portanto, tendo mais
motivação para avançar na lida dos nossos ideais.
Já que não
podemos voltar ao passado, a não ser pela lembrança, precisamos é avançar,
fazendo agora, de iniciativa própria, a realidade do futuro que queremos para
nós e para os outros.
Se nada acontecer
de palpável para nós no esperado admirável mundo novo, e se tudo isso tiver
sido apenas sonhos utópicos, teremos vivido com mais qualidade de vida
emocional, espiritual e, consequentemente, física neste nosso presente
contínuo, o que é uma realidade que depende só de nós mesmos, porque está
dentro de nós. Seja como for, terá valido a pena o nosso suor motivado por essa
esperança calculada, pelo menos para nós mesmos, não importando quando teremos
deixado o palco da vida, onde representamos por certo o nosso último
papel encarnacional, antes de se apagarem as luzes da ribalta. Preparemos
o cenário para a nova sequência de espetáculos encarnacionais dos novos atores,
que não podem parar. Quem sabe não poderemos alguns de nós, atores da velha era
geoteatral, ser aproveitados no novo Teatro, ainda que como anônimos
contrarregras? Estais com o currículo em dia?
Consideremos, pois, que o futuro particular de cada um de nós está atrelado ao
que cada um de nós faz no seu presente particular, em favor de si e,
principalmente, em favor dos outros e de toda a humanidade.
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MANSIDÃO: A MELHOR ARMA CONTRA A GUERRA E
CONTRA OS ESTRAGOS DECORRENTES
Quanto mais
traumatizante, chocante e assustador for um conflito numa base social, mais estragos
ele deixa e atrai, inclusive via natureza. O grande tiroteio que envolveu toda
a sociedade planetária, direta ou indiretamente, no início do século passado,
qual seja, a primeira guerra mundial, gerou um clima de tensão nos quatro
cantos do mundo. Desencadeou vários estragos, inclusive uma gripe danada, que
matou meio mundo de gente e que se chamou de gripe espanhola, deflagrada em
1918, logo após o fim da referida troca de tiros. Terá sido coincidência?
Já a segunda guerra
mundial só não desencadeou grandes estragos naturais, porque gigantescas
equipes de espíritos especialistas em limpeza braba foram convocadas pelas
potências angélicas celestiais e assearam às pressas toda a psicosfera do
continente europeu.
Essas reações da
natureza se observam em nível macro e em nível micro, até mesmo no campo de
batalha do íntimo de cada um de nós.
Não à toa o
estrategista bélico JC disse há dois mil anos que só os mansos e
pacíficos herdarão a Terra. Por trás dessa aparentemente simples
bem-aventurança há muito mais coisa a se entender, inclusive do ponto de vista
da Telecinésia, da Psicologia reativa, da Física de Movimentos, da Física de
Partículas etc.
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COMO OS JOVENS DA
ATUAL SUBFASE GEOTRANSICIONAL DEVEM SE VESTIR E SE EXPRESSAR SOCIALMENTE?
Em se tratando de
expressões e aparências externas, as verdadeiras marcas e sinais que repelem as
luzes e atraem as trevas quase sempre estão muito mais impregnadas no corpo
aural e no corpo mental do que sobre o corpo físico.
Seja como for,
contudo, em nossa sociedade atualmente muito conturbada e violenta, os jovens,
se puderem reduzir o risco de agredir e de serem agredidos em função de seus
trajes e linguajar excessivamente fora dos padrões, tanto melhor. Vivemos em
uma sociedade (ainda) perigosa. É de bom tom não confiar muito, nem mesmo em
seu próprio potencial luminoso.
Até algum tempo atrás era interessante a ruptura de costumes no ocaso de
determinados ciclos evolutivos sociais, em nome do avanço para novos ciclos.
Porém, os dias correntes encerram um superciclo ou um ciclo sobre os ciclos,
que tem exigido revoluções em nível muito mais profundo do que as
revoluçõezinhas de época quanto a costumes e tendências sociais humanas. Em
meio aos choques comportamentais intertemporais ou intercivilizatórios globais têm
surgido à flor de algumas consciências muitas atitudes excludentes, odiosas,
segregacionistas e torturadoras, não somente dos subsolos inconscienciais, como
também de passados escabrosos mal resolvidos. Muitas sujeiras velhas e
tóxicas têm sido expurgadas de debaixo dos tapetes conscienciais de alguns
indivíduos e de algumas coletividades, acumuladas muitas delas há mais de mil
anos. Convém, pois, manter alguma cautela, ainda que não necessariamente
prestigiadora da cafonice e da sem-gracice.
Em qualquer lugar e
época, a sobriedade, neutralidade e simplicidade no vestir e no se expressar
ainda são o melhor salvo-conduto no trânsito citadino, mesmo que a melhor
apresentação em público continue sendo invisível aos olhos.
Enfim, em que pese
ao dispositivo bíblico, de que ninguém está escape de sofrer infortúnios, eis
as posturas mentais e vestes ideais no atual dia a dia em sociedade: mente
limpa, cérebro limpo (principalmente de drogas, inclusive alcoolina e
nicotina), além de pensamentos, palavras e ações sempre positivas e roupas
sempre discretas, simples e o mais agradáveis possível aos olhos gerais,
objetivamente.
Ninguém está escape,
mas quanto mais se se resguarda de riscos, tanto maior a probabilidade de se ir
e vir por aí sem maiores avexamentos e tanto mais se afasta a incidência da Lei
de Murphy. Questão de matemática. E se alguém, além das precauções referidas,
armar-se dos equipamentos de proteção individual em forma de prece, exercício
diuturno das virtudes difundidas por Jesus, em especial a Caridade, a Humildade
e o Perdão (ainda que cada um a seu jeito), pode circular por aí ainda com
muito mais destemor e com muito mais desprendimento e autoconfiança, mesmo
usando tatuagens, piercings, cabelos punk e outros modismos contemporâneos,
querendo. Neste caso, está sob a melhor das blindagens, padrão ISO 20000. Tem
muito mais segurança e favorecimentos da lei da probabilidade. Tudo isso
baseia-se no Evangelho puro daquele jovem galileu, que ainda hoje guarda seus
traços revolucionários.
Alguém completa com
algum raciocínio? Alguém corrige? Estou eu mesmo fazendo um discursozinho
psicoterrorista subjacente? Devo aliviar então o discurso? Ou devo apertar mais
o parafuso?
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“MANHÃ DE CARNAVAL”
- CONTO OU DEIXO?
“Manhã de Carnaval”:
Essa música me faz lembrar de quando eu
fora marítimo nos mares da Oceania, há uns quarenta longos anos. Certa vez,
enquanto meu navio era consertado num estaleiro de Port Moresby , em Papua Nova Guiné, eu soube de um grupo de moças que
cantava numa boate nos arrabaldes da cidade. Eram brasileiras. E então eu, me
lembrando que também fora brasileiro na infância, corri para lá, a fim de
assistir à performance delas e, quem sabe, matar a saudade daquilo de que há
muito já não mais me lembrava. Fiquei maravilhado, absorto, encantado,
abduzido. Fui a todos os espetáculos durante toda a temporada. Eu era o último
a deixar de aplaudir e a sair para ir embora. Houve dias em que só ficava um
espectador até altas horas: eu. No começo, tudo bem, mas depois só havia um
momento em que eu não aguentava ficar e então saía para respirar
um pouco de ar puro. Era justamente quando reouvia “Manhã de Carnaval”, de Luiz
Bonfá e Antônio Maria, que me arranhava um pouco o coração petrificado pelo
salitre do mar, não sei por quê. Quase de mais nada eu sabia da língua
portuguesa (eu havia saído do Brasil por volta dos quatro anos), mas essa
música eu entendia inteirinha. Era estranho. Voltei para o mar, mas com aquela
infinita vontade de um dia ser brasileiro novamente. Seria possível?
Bem, estou aqui lhes falando em bom português, não é mesmo? ☺
[Imaginar é preciso; viver, só para
contar histórias, que são a única realidade tangível que existe para nós.]
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SOBRE A CANÇÃO "SAIBA", de Arnaldo Antunes
Essa canção espelha a velha ciclicidade
civilizatória da Terra até agora: nascer puro e tornar-se impuro quando crescer
(salvo as poucas exceções entre as pessoas nela citadas).
Acreditamos que atualmente tem nascido uma
nova geração de crianças que vai quebrar esse ciclo. Esta vai crescer e não vai
se corromper, pelo menos nos moldes vistos até então. Vão iniciar, como
pioneiros, uma nova era humanitária para a Terra, daqui a uns vinte anos, quando
estiverem à frente do poder político, econômico, social e cultural. Que fator
anticorrupção eles terão em seu favor, para não se tornarem os "anjos
decaídos" reciclados de sempre?
Se ainda estivermos por aqui, nos chamem pra conversarmos sobre o assunto.
Veremos se o ciclo terá efetivamente se quebrado, ou se tudo estará como dantes
no quartel de abrantes.
[Vale
destacar que uma das piores corrupções ou traições da pureza é o egoísmo
existencial, ou seja, é o querer ser feliz apenas com a realização de sonhos e
desejos pessoais ligados ao próprio ego.]
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CRISE IDENTITÁRIA
APÓS O 13 DE MAIO
Meu avô me contava vez
em quando
que o avô dele sofreu
crise identitária
após o treze de maio.
Como não tinha pra
onde ir,
parente a procurar,
estudo a aproveitar
ofício a alugar,
perguntou ao
ex-senhor:
e agora ioiô, o que é
que eu sou?
e pra onde é que eu
vou?
Viu irmãos de cor
ficarem onde estavam,
outros partirem para
outras bandas,
alguns voltarem até
para a África...
E ele aprofundou o
questionamento:
o que é que eu sou?
pra onde eu vou?
Ex-escravo deserdado,
sem destino, sem
futuro, sem dinheiro?
Africano despatriado,
que poderia tentar voltar?
Ex-falante de iorubá,
que poderia tentar voltar a falar?
O ex-senhor então
falou:
Tu não tem mais nada
não,
tu não é mais nada
além,
te ofereço empreitada,
mesmo com pouco
dinheiro,
és agora só uma coisa
tu só és é brasileiro.
E eu pensei.
Pensei, pensei e então
fiquei.
Eu podia não ter nada,
sem saber, sem
dinheiro e sem rincão
mas isso ao menos eu
sentia ser:
um brasileiro.
Eu sabia que não teria
mesmas condições que
outros,
mas seria igual aos
outros
na sensação de ser
brasileiro,
ah, isso ninguém ia
tirar de mim, não.
Tal sensação era minha
única propriedade.
Eu então aceitei e
então fiquei,
me sentindo feliz com
o que só eu sou,
eu sou brasileiro.
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ONDE ESTAREMOS EM 2060?