PREPARANDO-SE PARA A FLUÊNCIA EM ESPERANTO, A PARTIR DO DOMÍNIO DE FRASES ILUSTRADAS POR IMAGENS
Frase é um fenômeno linguístico, que expressa verbalmente um fenômeno, uma situação, um conceito, uma ação qualquer da vida observável, pensável, sensível ou imaginável dos seres humanos, da mesma forma que também o é uma frase em forma de imagem pictórica (considerando, inclusive, como dizem por aí, que uma imagem (pictórica) diz por mil palavras).
Mas, frase linguística é também um fenômeno gramatical. Não existe frase sem gramática. A gramática é o instrumento que codifica a linguagem, para que as pessoas se comuniquem verbalmente a partir de uma maneira uniforme, sem a mediação de imagens, gestos ou animações.
As regras ou imagens gramaticais têm antes de tudo a função de normatizar as maneiras de se dizerem as coisas em expressões e em frases, a fim de padronizar e viabilizar o entendimento das comunicações verbais dentro de um ambiente linguístico comum. [No caso do Esperantujo, cuja comunidade está diasporicamente espalhada sobre toda Terra, passa a ser de vital importância a observância da sua unidade gramatical no tempo e no espaço.]
A irreformabilidade do Esperanto deve-se ao fato de sua idealização já ter contemplado o recurso de uma solidez flexível e de uma justaposição lexical, que tem atendido às necessidades expressionais de todas as gerações humanitárias, desde sua formação. O Esperanto tem uma atualidade sincrônica baseada no estruturalismo proposto por Ferdinand de Sausure, o que lhe confere talvez o título de idioma mais rico do mundo em universais linguísticos, disparadamente.
As próprias regras de estilo do Esperanto, esculpidas e exemplificadas no "Fundamento de Esperanto", no "Fundamenta Krestomatio" e em toda a obra de Zamenhof e dos grandes mestres da literatura esperantista mundial, já integram a própria gramática da língua, com reflexo na escolha e formação das palavras e frases. Também o estilo, ou a maneira de expressão das frases em Esperanto, é universal. Portanto, é regra de observância por todo mundo, em todo o mundo. É de se constar em ata, entretanto, que, malgrado sua regularidade, a gramática do Esperanto é a mais flexível do mundo das línguas, de modo que ela pode ser usada divertidamente, como um puzzle harmonioso e sempre coerente e condizente com as normas básicas. Ela permite derivações e formas de dizer o mais diversas possível, de modo que uma única frase pode ser dita de cinco, seis ou mais formas, sem sair do salto, ou melhor, sem perder a classe, o sentido, a função sintática (desde que essas formas sejam atreladas às possibilidades derivativas da gramática fundamental). Entretanto, isso não impede que um usuário da língua inove aqui ou ali com seu estilo pessoal, ou a depender da situação ou circunstância comunicacional. A gramática do Esperanto não é engessada. Sua lógica construcional é infinita. Seu gerativismo chomskyiano estimula a criatividade e o jogo de flexões sintáticas, morfológicas e lexicais, a partir das mesmas regras básicas. O cuidado de cada usuário, contudo, deve tender sempre para a aproximação do seu estilo pessoal ao estilo geral e universal da língua, em nome de sua comunicabilidade e uniformidade.]
Quando alguém diz que não gosta de gramática, certamente o que ele está querendo dizer é que não gosta do estudo da gramática e seus termos técnicos, mas ele, conscientemente ou não, é um usuário da gramática. Muitos que não conhecem a nomenclatura dos fenômenos gramaticais, até se expressam gramaticalmente melhor do que muitos teóricos nomenclaturudos da gramaticologia. Mais importante do que saber dar nome aos bois, é saber tocar a boiada.
O certo é que sem gramática, ou seja, sem um padrão de linguagem, haveria um caos linguístico entre as pessoas e ninguém se entenderia convenientemente, ainda que vendo diante de si mesmas coisas.
Gramática, pois, deve ser vista, antes de tudo, como um código de comunicação. Esse é o princípio. E é o que deve bastar para embasar o trabalho do instrutor ou do aprendiz que se propõe a ensinar ou a aprender fluência em uma língua nova, a partir do par frases-imagens. [Daí a importância, para quem está aprendendo o Esperanto, por exemplo, de se ler muitos livros nessa língua, porque as fontes normativas da sua gramática estão espraiadas muito mais nos textos dos seus grandes mestres literários do que nos seus compêndios de teoria gramatical.]
Mais importante, pois, do que simplesmente encerebrar as famosas mil palavras mais usuais da língua sob aprendizado é antes de tudo saber quais são as ideias-imagens, ideias-sentimentos, ideias-ações mais usuais e mais universais a todos os seres humanos, e como dizê-las em palavras e principalmente em frases. A palavra isolada não ajuda para a fluência. A frase, sim, porque evoca um ação com cena, personagens (sujeito e predicado ou objeto) e ação (verbo).
O que existe mais numa língua? Substantivos ou verbos? Acreditamos que há mais substantivos, embora a gente veja mais verbos no dia a dia. As ações gerais que mais aparecem (fazer, ir, colocar, estar de pé, estar sentado, olhar etc) é que devem ser inicialmente praticadas. Mas quem pratica essas ações? É necessário também saber quem faz o quê. Há também os substantivos gerais e primitivos mais comuns, que devem ser aprendidos na nova língua (com o auxílio de parelhas nomes-imagens, nunca com tradução). Quais são também as preposições que instrumentalizam as ações praticadas pelos substantivos? De posse dos substantivos primitivos (que funcionam como sujeito ou como objeto), dos verbos mais corriqueiros que expressam ação, estado ou qualidade, das regras de casos sintáticos, do verbo auxiliar e das preposições que ligam sujeito ao objeto, já dá para se adquirir uma fluência parcial, do ponto de vista de definição do que se está vendo e lendo no presente momento. No caso do Esperanto, graças a sua regularidade e uniformidade linguístico-gramatical, e se estudado a partir dessa metodologia híbrida (frase-imagem), a tendência é se chegar a uma fluência confortável e segura em muito menos tempo do que no aprendizado de qualquer outra língua. Questão de lógica.
Josenilton kaj Madragoa
Frase é um fenômeno linguístico, que expressa verbalmente um fenômeno, uma situação, um conceito, uma ação qualquer da vida observável, pensável, sensível ou imaginável dos seres humanos, da mesma forma que também o é uma frase em forma de imagem pictórica (considerando, inclusive, como dizem por aí, que uma imagem (pictórica) diz por mil palavras).
Mas, frase linguística é também um fenômeno gramatical. Não existe frase sem gramática. A gramática é o instrumento que codifica a linguagem, para que as pessoas se comuniquem verbalmente a partir de uma maneira uniforme, sem a mediação de imagens, gestos ou animações.
As regras ou imagens gramaticais têm antes de tudo a função de normatizar as maneiras de se dizerem as coisas em expressões e em frases, a fim de padronizar e viabilizar o entendimento das comunicações verbais dentro de um ambiente linguístico comum. [No caso do Esperantujo, cuja comunidade está diasporicamente espalhada sobre toda Terra, passa a ser de vital importância a observância da sua unidade gramatical no tempo e no espaço.]
A irreformabilidade do Esperanto deve-se ao fato de sua idealização já ter contemplado o recurso de uma solidez flexível e de uma justaposição lexical, que tem atendido às necessidades expressionais de todas as gerações humanitárias, desde sua formação. O Esperanto tem uma atualidade sincrônica baseada no estruturalismo proposto por Ferdinand de Sausure, o que lhe confere talvez o título de idioma mais rico do mundo em universais linguísticos, disparadamente.
As próprias regras de estilo do Esperanto, esculpidas e exemplificadas no "Fundamento de Esperanto", no "Fundamenta Krestomatio" e em toda a obra de Zamenhof e dos grandes mestres da literatura esperantista mundial, já integram a própria gramática da língua, com reflexo na escolha e formação das palavras e frases. Também o estilo, ou a maneira de expressão das frases em Esperanto, é universal. Portanto, é regra de observância por todo mundo, em todo o mundo. É de se constar em ata, entretanto, que, malgrado sua regularidade, a gramática do Esperanto é a mais flexível do mundo das línguas, de modo que ela pode ser usada divertidamente, como um puzzle harmonioso e sempre coerente e condizente com as normas básicas. Ela permite derivações e formas de dizer o mais diversas possível, de modo que uma única frase pode ser dita de cinco, seis ou mais formas, sem sair do salto, ou melhor, sem perder a classe, o sentido, a função sintática (desde que essas formas sejam atreladas às possibilidades derivativas da gramática fundamental). Entretanto, isso não impede que um usuário da língua inove aqui ou ali com seu estilo pessoal, ou a depender da situação ou circunstância comunicacional. A gramática do Esperanto não é engessada. Sua lógica construcional é infinita. Seu gerativismo chomskyiano estimula a criatividade e o jogo de flexões sintáticas, morfológicas e lexicais, a partir das mesmas regras básicas. O cuidado de cada usuário, contudo, deve tender sempre para a aproximação do seu estilo pessoal ao estilo geral e universal da língua, em nome de sua comunicabilidade e uniformidade.]
Quando alguém diz que não gosta de gramática, certamente o que ele está querendo dizer é que não gosta do estudo da gramática e seus termos técnicos, mas ele, conscientemente ou não, é um usuário da gramática. Muitos que não conhecem a nomenclatura dos fenômenos gramaticais, até se expressam gramaticalmente melhor do que muitos teóricos nomenclaturudos da gramaticologia. Mais importante do que saber dar nome aos bois, é saber tocar a boiada.
O certo é que sem gramática, ou seja, sem um padrão de linguagem, haveria um caos linguístico entre as pessoas e ninguém se entenderia convenientemente, ainda que vendo diante de si mesmas coisas.
Gramática, pois, deve ser vista, antes de tudo, como um código de comunicação. Esse é o princípio. E é o que deve bastar para embasar o trabalho do instrutor ou do aprendiz que se propõe a ensinar ou a aprender fluência em uma língua nova, a partir do par frases-imagens. [Daí a importância, para quem está aprendendo o Esperanto, por exemplo, de se ler muitos livros nessa língua, porque as fontes normativas da sua gramática estão espraiadas muito mais nos textos dos seus grandes mestres literários do que nos seus compêndios de teoria gramatical.]
Mais importante, pois, do que simplesmente encerebrar as famosas mil palavras mais usuais da língua sob aprendizado é antes de tudo saber quais são as ideias-imagens, ideias-sentimentos, ideias-ações mais usuais e mais universais a todos os seres humanos, e como dizê-las em palavras e principalmente em frases. A palavra isolada não ajuda para a fluência. A frase, sim, porque evoca um ação com cena, personagens (sujeito e predicado ou objeto) e ação (verbo).
O que existe mais numa língua? Substantivos ou verbos? Acreditamos que há mais substantivos, embora a gente veja mais verbos no dia a dia. As ações gerais que mais aparecem (fazer, ir, colocar, estar de pé, estar sentado, olhar etc) é que devem ser inicialmente praticadas. Mas quem pratica essas ações? É necessário também saber quem faz o quê. Há também os substantivos gerais e primitivos mais comuns, que devem ser aprendidos na nova língua (com o auxílio de parelhas nomes-imagens, nunca com tradução). Quais são também as preposições que instrumentalizam as ações praticadas pelos substantivos? De posse dos substantivos primitivos (que funcionam como sujeito ou como objeto), dos verbos mais corriqueiros que expressam ação, estado ou qualidade, das regras de casos sintáticos, do verbo auxiliar e das preposições que ligam sujeito ao objeto, já dá para se adquirir uma fluência parcial, do ponto de vista de definição do que se está vendo e lendo no presente momento. No caso do Esperanto, graças a sua regularidade e uniformidade linguístico-gramatical, e se estudado a partir dessa metodologia híbrida (frase-imagem), a tendência é se chegar a uma fluência confortável e segura em muito menos tempo do que no aprendizado de qualquer outra língua. Questão de lógica.
2 comentários:
Excelente artigo do ponto de vista linguístico e didático.
Concordo com Nazaré Laroca.
Na minha visão, metodologia aqui recomendada funciona também para estudo idiomas nacionais, principalmente aqueles que se nos afigurem como os mais difíceis.
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